Os servidores ativos e inativos da segurança pública do estado do Rio de Janeiro não definiram seus apoios para as eleições de 2026. Referência para o eleitor de direita, os profissionais de segurança pública atravessam um momento de muita fragilidade, falta de estrutura, recomposição salarial atrasada e problemas administrativos que podem levar os servidores a não apoiarem candidatos ligados ao atual governo.

As eleições que se aproximam não será uma eleição fácil para os candidatos que desejam o apoio dos policiais e demais profissionais da segurança pública. Isso porque os policiais estão sem a recomposição salarial prometida, sem estrutura para desenvolverem os seus trabalhos, insatisfeitos com a utilização das câmeras corporais, política do atual governador Cláudio Castro e nas regiões mais distantes, policiais têm sido obrigados a custear a manutenção das próprias viaturas, para não perderem suas escalas e não serem transferidos para outros locais de trabalho.

Governo Cláudio Castro

O governador Cláudio Castro assumiu nos últimos meses a bandeira da segurança pública para chegar ao Senado Federal. O governador afirma que tem realizado investimentos na segurança pública, principalmente de inteligência, porém os resultados desses investimentos não chegam aos policiais que ocupam a base da pirâmide, que são aqueles que estão nas ruas buscando garantir a segurança da sociedade.

“Quando o governo anuncia que estão adquirindo drones de última geração, equipamentos para ampliar a inteligência e garantir segurança aos fluminenses, isso não significa que os policiais estão recebendo os investimentos. Hoje policiais custeiam manutenção de viaturas e não possuem sequer coletes de proteção balísticas no tamanho adequado. É a prova de que o básico não tem sido feito em defesa do policial e segurança pública sem o policial assistido não existe”. Disse um policial que não quis se identificar.

Recomposição salarial não cumprida

Servidores da segurança foram ludibriados com legislações aprovadas em suas defesas, porém, resguardadas pelos textos de que serão efetuadas as parcelas, caso o estado tenha capacidade, ou seja, quando é que o Estado do Rio tem capacidade de cumprir com seus compromissos?

Os servidores têm se reunido para cobrar o pagamento das segunda e terceira parcelas da recomposição salarial referente ao período de setembro de 2017 a dezembro de 2021, que deveriam ter sido pagas em 2023. As parcelas em atraso que somam 13% de reajuste geram uma enorme frustração nos policiais, principalmente quando outras categorias, de outros poderes, recebem os seus reajustes em dia.

“Não temos o devido respaldo das instituições neste governo para que cumpram conosco o que precisa ser cumprido. Não temos os reajustes prometidos e a inflação está deteriorando os nossos salários. Se nos perguntar qual o governador que de fato melhorou as condições dos policiais, direi que foi Sérgio Cabral. Nenhum outro cumpriu com a nossa categoria”. Declarou o servidor.

Escalas não cumpridas

As escalas almejadas pelos policiais, prometidas pelas autoridades, que é a escala 24 x 72, também não foi cumprida, o que amplia o descontentamento dos policiais.

GRAM

A gratificação de risco de atividade militar (GRAM) tem gerado conflitos e cobranças por parte dos inativos que há dois anos não recebem.  Apesar do direito à paridade ter sido garantido pela Lei nº 9537 de 2021 o governo afirma que só terão direito a paridade aqueles que se aposentaram após a publicação da lei.

Condições de trabalho

Policiais reclamam da falta de condições de trabalho e estrutura. Cobranças antigas que não foram resolvidas e que foram ampliadas no atual governo.

Policiais afirmam que estão custeando a manutenção das viaturas para permanecerem trabalhando. O estado acabou com a manutenção como era realizada em 2018 e 2019 e agora quem arca com as despesas na maioria das vezes são os próprios policiais, que fazem “vaquinhas” para comprar peças, além de  pedirem aos mecânicos da comunidade para realizarem os reparos necessários.

Rodrigo Bacellar

O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa Rodrigo Bacellar (União) terá um enorme desafio pela frente na conquista pelos votos dos servidores da segurança pública. O deputado que obteve apenas 97.822 votos terá dificuldades de avançar sobre o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pois terá a rejeição do atual governador pela tamanha aproximação. Será difícil ao deputado avançar com o apoio dos servidores da segurança com o atual governo ignorando as demandas da categoria.

Na pesquisa de intenção de votos realizada pela Paraná Pesquisas, que ouviu 1.680 eleitores em 60 municípios entre os dias 31 de março e 4 de abril, apontou o deputado Rodrigo Bacellar com apenas 8,2% das intenções de votos, atrás de Tarcísio Motta (PSOL) com 8,7% e Rodolfo Landim (sem partido) com 8,5%.

Eduardo Paes

O prefeito da capitado do estado, Eduardo Paes (PSD) já desponta nas pesquisas. Na pesquisa mencionada, realizada em fevereiro, o prefeito do Rio obteve 48,9% das intenções dos votos. Paes já sai com uma vantagem enorme por estar na capital, ele obteve 1.861.856 votos na eleição de 2024. Só a capital do Rio registrou mais de três milhões de votos válidos nas eleições de 2024, esse é um dado importante a ser observado nas análises eleitorais.

Má fama com os servidores

Por outro lado, Paes não tem uma boa imagem para representar os servidores públicos, principalmente os da segurança pública do município. O prefeito terá que dialogar com a categoria, reunindo as associações, grupos que representam os policiais e mostrar que tem um projeto para a categoria, resta saber se ele terá a vontade de se reunir com essas categorias.

Se vai ser Bacellar ou Paes, o servidor da segurança pública não sabe, a única certeza que tem o servidor é que ele está cansado de ser ludibriado, enrolado e não acreditará mais em promessas que não foram cumpridas.

 

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